Meu caro Milton Marques, Mestre e Confrade. Saudações.

Esta missiva é para transmitir notícias do tamarindo que você plantou no Jardim de Academus da Casa de Coriolano de Medeiros, por ocasião de sua posse como acadêmico.

Por Patos 40 Graus em 03/04/2024 às 07:10:28

Esta missiva é para transmitir notícias do tamarindo que você plantou no Jardim de Academus da Casa de Coriolano de Medeiros, por ocasião de sua posse como acadêmico.

Na sua ausência, tendo assumido o compromisso de guardião dessa árvore cheia de simbolismo na poesia de Augusto dos Anjos, sinto-me no dever de informar como se encontra o jovem tamarindo.

Mestre, afianço que o filho do centenário tamarindo imortalizado por Augusto e que sobrevive nas terras do antigo Engenho d'Arco cresce sadio, com folhas bem verdes e atraentes. Olhando-o, quase sempre percebemos uma força espiritual emanando dele.

Posso dizer que a pequena árvore será um bonito símbolo para lembrar o grande poeta. O maior poeta de nosso País, estando talvez entre os dez maiores da Língua Portuguesa. O crescimento da árvore possibilita recordar o momento de sua posse na Academia, num gesto que permanecerá na memória de nossa Casa.

Quem sabe, em breve, debaixo desse tamarindo ainda com pequenos galhos, possa ser gerada a homogeneidade da nossa eternidade, e como queria o poeta, "a sua sombra há de ficar aqui". Olhando-o, percebemos que logo aflora a poesia da alma, abraçando todas as estrelas.

Devo lembrar que a árvore já se destaca entre as demais, pois, desde o primeiro momento do plantio, é bem cuidada pelos colaboradores da Academia, sendo diariamente regada por eles.

Professor, reafirmo meu compromisso de acompanhar o crescimento do seu filho espiritual, enquanto estiver ausente desfrutando dos saudáveis ares de Coimbra. Esse filho que você semeou, cultivou e plantou nos jardins de nossa Academia pertence a todos nós e requer os nossos cuidados.

Na sementinha recolhida do velho tamarindo que deu sombra e inspirou Augusto dos Anjos, a genealogia do grande poeta há de florescer ainda mais perto de nós, para que jamais deixemos que se afaste das mentes e dos corações dos amantes da poesia.

Agradecemos, mais uma vez, pela iniciativa de plantar o tamarindo junto da estátua que fica na parte externa do prédio e do Memorial do Poeta existente na parte interna da Academia. Então, como no poema, a sombra de Augusto ficará para sempre entre nós, seus admiradores.

Na sua desenvoltura cultural, você trouxe para o repouso no chão da Academia a semente da poesia de Augusto. O jardim onde se encontra a árvore é um escabelo entre as nuvens e as velhas casas da Rua Duque de Caxias e do entorno do engenho Pau D'arco.

Nesse genuflexório, o leitor do EU se ajoelha aos pés do Poeta, sem se deslocar até as terras onde ele nasceu para sentir a luz e o sopro da poesia do tamarindo.

Recordo-me do passeio que você fez conosco pelas ruas onde Augusto morou. Como foi importante aquele momento cultural. No seu retorno, vamos repetir o passeio pelo mundo do poeta, tão agradável para todos os que participaram daquele encontro. Agradecemos a afeição literária que nos une, razão da estima pessoal que se aprofunda na admiração e no reconhecimento dos seus ensinamentos imprescindíveis ao banquete da inteligência paraibana.

O tamarindo cresce aos olhos de todos, junto com a lua e as nuvens que passeiam lentamente no alto para observar tudo, como se Augusto, lá de cima, dissesse "como cresce fagueiro este filho".

Um fraterno abraço. Lembranças à esposa Alcione.

* Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Portal MaisPB

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