Reforma tributária: a vitória do possível

Anteontem, dia 24, o governo enviou ao Congresso Nacional parte da proposta de regulamentação da reforma tributária, aprovada pela Emenda Constitucional nº 132, de 20 de dezembro de 2023.

Por Patos 40 Graus em 26/04/2024 às 08:00:18
Foto: Sergio Lima - Poder360

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Anteontem, dia 24, o governo enviou ao Congresso Nacional parte da proposta de regulamentação da reforma tributária, aprovada pela Emenda Constitucional nº 132, de 20 de dezembro de 2023.

Por hora, cuidou-se somente do Projeto de Lei complementar que institui o Imposto sobre bens e serviços (IBS), a Contribuição sobre bens e serviços ( CBS) e o Imposto seletivo ( IS).

O IBS pertence à competência compartilhada dos Estados, Municípios e Distrito Federal e substitui, paulatinamente, o ICMS estadual e o ISS municipal. A Contribuição sobre bens e serviços -CBS, de competência da União substitui o PIS e a COFINS.

Esses dois tributos revolucionam o sistema tributário nacional, posto que são moldados à semelhança do imposto sobre o valor agregado (IVA), adotam a não cumulatividade plena, evitando, assim, a tributação em cascata, pertencem ao ente federado de destino, buscam a neutralidade, a transparência, adotam um sistema de devolução personalizada de tributos às pessoas de baixa renda (cashback), bem como um cesta básica nacional sem tributação, buscando minimizar a regressividade do sistema tributário brasileiro para compatibilizá-lo com os ditames da justiça fiscal que é, agora, princípio e diretriz da atividade de tributação.

Além disso, cria o Imposto Seletivo – IS, de competência da União, com natureza extrafiscal, desestimulando o consumo de bens prejudiciais à saúde e ao meio ambiente. Conhecido como imposto do pecado, o pecado dele é não considerar as armas e munições como bens prejudiciais à vida e submetê-las a uma pesada tributação.

Também pudera. Com uma Câmara de deputados que tem como Presidente da sua Comissão de Constituição e Justiça uma extremista de direita, apoiadora e incentivadora de pautas lacradoras e irresponsáveis, não poderia se esperar algo de futuro.

Além desse despautério, outros pontos críticos pautaram a reforma, a exemplo do número excessivo de regimes diferenciados ou específicos e o comprometimento do pacto federativo, mas de qualquer forma, essa foi a reforma tributária do possível.

Que venha a reforma sobre o patrimônio e a renda. A justiça fiscal agradece.

@professorchicoleite

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